Há cerca de 11 anos, em 1996, surgia um dos mais polémicos filmes de sempre - Crash (não confundir com o Crash vencedor da edição dos Oscar do ano passado). Falo deste filme porque foi um dos que mais me marcou desde que vou ao cinema, não pela violência fisica ou efeitos visuais, mas pelo argumento, personagens e sobretudo pela visão que nos oferece sobre um mundo underground ligado ao sexo e acidentes rodoviários.
Cada vez mais assistimos a filmes (mais ou menos moralistas) sobre assuntos da actualidade, histórias sobre temas que afectam o Mundo em geral como o racismo, terrorismo, emigração, adolescência, droga, etc. Aqui Cronenberg mostra-nos a vida de pessoas que procuram e dependem da adrenalina proveniente de embates de carros, sexo, cicatrizes e feridas, chapa amolgada... E por mais estranho que tudo isto nos pareça no início, acabamos por mergulhar na história de tal forma que acabamos por entender, de alguma forma, os comportamentos destas personagens e respectivas dependências.
Concluindo, o teor da escolha de argumento nem sempre pode ou deve coincidir com o que o espectador quer realmente assistir, afinal de contas é mais dificil construir uma história sobre um tema que nos repudia do que um filme que sabemos que irá agradar a gregos e a troianos.