Wednesday, October 31, 2007

lenda da véspera do dia de todos os santos

Olhou fixamente para o seu rosto pálido, beijou-a e a seguir cuspiu-lhe para a boca. Agarrou-a pelos cabelos e sussurou-lhe ao ouvido esquerdo, "Tu é que escolheste, por isso agora vais ter o que mereces". Ela cerrou os olhos, mas o seu corpo manteve-se inerte. Depois, atou-lhe o dedo mindinho ao anelar, apertou o nó com força. Ela fez um esforço para não emitir qualquer som. Resolveu atar-lhe todos os dedos da sua mão, desta vez entrelaçou a corda de modo a impossibilitá-la de mexer qualquer um deles um milímetro que fosse. Ela manteve-se calada, não se moveu e a sua face não revelou qualquer tipo de expressão. Foi aí que a encostou violentamente contra a parede e lhe atou ambas as mãos e pés, mas em vez de uma corda, resolveu usar um arame farpado. Atou-a com toda a força que tinha até as mãos de ambos começarem a sangrar. Foi nesse momento que ela gritou de dor e verteu uma lágrima. Fê-la cair no chão sujo e antes que ela pudesse soltar uma única palavra ou gemido saltou pela janela do velho edifício e voou para bem longe. Deixou um rasto de sangue que denunciava o seu destino. As pessoas que passavam, na rua, gritavam: "Milagre, milagre! O sangue de Cristo está a verter do céu!".