Este ano foi uma viagem de comboio durante a noite abafada que fez despertar as memórias de outras noites quentes. O cigarro que fumei rodeado de uma seara dourada e seca no meio do Alentejo perdido, a cara húmida numa mesquita azul onde não posso pousar os sapatos, o susto do embate de uma coruja encandeada contra o vidro do carro numa estrada deserta e escura, os grilos que se ouvem na varanda onde passei muitos serões a ouvir histórias dos meus avós, os melões roubados na lezíria depois dos longos passeios de bicicleta.