Ainda tenho a sensação de que estou em 2008. É como se estivesse num período que começa depois de 31 de Dezembro e que acaba dia 1 de Janeiro mas que dura muito tempo, uma espécie de limbo. Este ano não houve 12 passas nem champanhe, nem gritos, nem alegria, nem fogo de artificio ou bebedeiras ou boa disposição apesar da melhor das companhias. É estranho, fazendo ao mesmo tempo todo o sentido que uma vida acabe no último dia do ano. É apropriado mas não suposto. Não é suposto estarmos tristes num dia em que todos à nossa volta festejam cheios de euforia. Não é suposto sermos atingidos com olhares inquiridores que procuram uma razão para a nossa tristeza quando o momento pede uma gargalhada, um grito, um salto, uma dança ou um sorriso. É como se fôssemos os únicos a estragar a festa, a sermos desmancha prazeres no dia é que é proibido estarmos angustiados. Se não fossemos nós o Mundo estaria todo a celebrar, não?