Thursday, April 17, 2008

O coração gelado bate apenas com a cadência suficiente para que o granizado de sangue flua lentamente e se espalhe na quantidade exacta pelas veias de modo a manter vivo o seu hospedeiro. O corpo subjuga-se imediatamente a qualquer ordem imposta pelo cérebro e por isso consegue revestir a sua pele com uma camada transparente de uma substância gelatinosa e fria ao toque. Não adianta tentar aquecê-la. Não há fogo, sol ou qualquer fonte de calor que a consiga derreter. Ela poderá desaparecer por si só um dia ou fortalecer-se para sempre criando uma espécie de armadura orgânica intrespassável.

Deito-me a seu lado, toco-lhe e fico inconsciente de imediato. Sei que só ali poderei descansar.