Wednesday, September 12, 2007

o efémero

Lembro-me que a palavra me causava muita curiosidade quando era criança. Só a ouvia muito raramente e não a conseguia associar a nada, o seu som não me fazia lembrar nenhum objecto ou sentimento e apercebia-me que era constantemente usada por alguns poetas que a minha mãe lia.

Hoje em dia sinto muito a ameaça do efémero. Do que é hoje e que poderá não ser amanhã. Da alegria esfusiante que em segundos se transforma em tristeza dolorosa.

Sempre questionei a inconstância e incoerência das pessoas que hoje sentem e amanhã deixam de sentir, que num minuto vão e no minuto seguinte querem ficar. Faz-me confusão a decisão inconsequente porque tudo amanhã se poderá desdizer e corrigir. A excepção ganha, cada vez mais, espaço à regra

Travo uma luta constante para que tudo seja eterno além de intenso. Porque é que o intenso tem, forçosamente, de ser sempre passageiro? (agora entrava a música dos Táxi - "Chiclete")

Acima de tudo quero que o "sempre" signifique sempre, o nunca já sabemos que nunca significará "nunca".